segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

digestório

arranquei algumas palavras do esôfago
rasgando a faringe
afago
trancado
perdido
como poeira presa na traquéia

algum eu te amo nunca dito
queimando na boca do estômago
preso na caixa torácica
com
coração ácido e enzimas

o fígado apoiado em cacos
suco gástrico
afago
trancado
perdido
nas trevas dos intestinos

algum eu te amo nunca dito
se perde com a mucosa
desce reto acima
e
foge pela boca morta

2 comentários:

Lucas Fontana disse...

de descarga depois

eletricmanfred disse...

O poeta com gastrite.